sexta-feira, setembro 04, 2015

RANCHO NOTORIOUS (1952)

O RANCHO DAS PAIXÕES
Um filme de FRITZ LANG





Com Marlene Dietrich, Arthur Kennedy, Mel Ferrer, Gloria Henry, William Frawley, Lisa Ferraday, etc.

EUA / 89 min / COR / 
4X3 (1.37:1)


Estreia nos EUA a 1/3/1952
Estreia em PORTUGAL a 13/11/1952



Altar Keane: «Go away and come back ten years ago»

Raras são as filmografias que nos enchem os olhos e as almas de fio a pavio, mesmo entre os melhores cineastas. Este “Rancho Notorious” serve perfeitamente de exemplo de excepção na obra de Fritz Lang, alguém que nos deu alguns dos melhores filmes da história do Cinema. Apesar de escorreito e certinho na sua planificação, este terceiro e último western realizado por Lang nos EUA é hoje um filme decepcionante de se ver, sem uma centelha de emoção, sobretudo quando comparado com os clássicos do género. Basta lembrar-nos que “High Noon”, de Fred Zinnemann, é também deste mesmo ano de 1952.


Lang nunca foi especialista de filmes do Oeste, mesmo que “The Return of Frank James” contenha esplêndidas sequências de acção (nunca vi o seu segundo western, “Western Union”). Por isso há que condescender um pouco face à visão deste “Rancho Notorious”, até porque, no final, ele não é melhor nem pior do que tantos outros filmes de série B da época. Digamos que, não fosse o prestígio do nome que assina o filme, e este comentário nem apareceria por aqui. Lang queria que o filme se chamasse “Chuck-a-Luck”, que era a designação de um jogo muito conhecido, uma espécie de roleta vertical com uma roda a girar. A história anda à volta de um cowboy que tenta encontrar num rancho chamado Chuck-a-Luck o assassino da sua noiva. Arthur Kennedy é Vern Haskell, esse cowboy vingador. A ele se junta um parceiro, French Fairmont (Mel Ferrer), alguém que já viveu o destino futuro do cowboy. Abandonado pelos guardas profissionais da lei, Vern lança-se num plano pessoal de vingança, no fim do qual o assassino é julgado, mas por um acto que não cometeu.



Chuck-a-Luck, o rancho (“das paixões”, segundo a tradução portuguesa), situa-se ao fundo de um pequeno e estreito vale, rodeado de montanhas como uma nascente. O filme foi quase inteiramente rodado em estúdio: «Filmar um western no estúdio é extraordinariamente difícil», confessou Lang. «Não tínhamos dinheiro suficiente para construir a montanha que domina o rancho e o deserto. Mas o meu arquitecto, Sr. Ihnen, que fez montes de coisas prodigiosas em “Man Hunt” e noutros filmes, entendia de perspectivas...» Mas a razão fundamental pela qual Fritz Lang realizou “Rancho Notorious”, tinha um nome: Marlene Dietrich. Fosse porque nutria grande admiração pela actriz fosse porque se sentia atraído pela mulher, a verdade é que Lang queria acima de tudo dirigir Marlene. E hoje em dia isso é claramente notório no filme, pois a lendária actriz é o centro das atenções gerais. Aliás é a sua presença (apesar de na altura já contar com 50 anos bem vividos) que continua a compensar a visão do filme. Ainda por cima temos direito a duas canções interpretadas por ela: “Gipsy Davey” e “Get Away, Young Man”. Mas razão tinha Pauline Kael quando em 1952 afirmou que “Rancho Notorious” não iria figurar entre os filmes pelos quais Fritz Lang seria lembrado.



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2 comentários:

Billy Rider disse...

Uma cinquentona bem desejável...

ANTONIO NAHUD disse...

Realmente O DIABO FEITO MULHER (título brasileiro) é decepcionante. Vale somente pela eterna sedução de Marlene Dietrich, que mesmo assim está meio esquisita com aquela peruca de cachos. Mas gosto dos dois westerns anteriores de Lang, principalmente OS CONQUISTADORES.

O Falcão Maltês